domingo, julho 29, 2007

Piratas do Caribe



No geral acho que a gente se sente maior quando consegue organizar o chaos. Mas que mania é esta de classificar, listar, regularizar o mundo, as pessoas, nossos sentimentos, a vida?




E quando navegar no chaos te parece natural, quando encontra um pirata que sabe que não precisa de bússula, de mapa, de rumo, de Norte nem Nordeste? É possível viver sem organizar, de maneira classificativa, o mundo. É possível viver sentindo e armazenando da maneira tão caótica quanto ela mesmo é. Mas pra isto é preciso duvidar, desgostar, inventar, se jogar na escuridão de si mesmo. Nunca vai chegar energia dentro da gente, não tem nem porquê. O vômito do que vem dá um nó na garganta, mas também uma vontade de viver. Não morrer.




Barulhos arrazadores, frases destrutivas, emoções estilhaçadas, não é isto estar vivo? O que mais se pode querer de uma aventura que não suas tempestades? Seus desafios mais desavisados? Não te entendo quando quer ser só em paz, normalmente enfadado.




Só se leva a saudade, nada mais sobrevive ao presente.

sábado, julho 28, 2007

Pixado = gravado sem consentimento

Só pra dizer que eu não tenho o que não quero. Nem o que quero, nem o que eu possa querer.

quinta-feira, julho 26, 2007

Náufrago

Do jeito que as palavras me saem, do jeito que eu tomo as minhas decisões, do jeito que eu vivo a minha vida, só posso saber que estou em afogamento. Um desespero permanente, uma ansiedade constante, a hiperatividade desnorteada. Não consigo mais pensar em mim, refletir sobre mim, achar um título para minha vida. Entender meu passado, gozar meu presente e sonhar meu futuro. Tudo isto parece distante, um universo onírico. Sei que só preciso dar uma voltinha, um clique transformador. Não quero mais ficar chorando, reclamando de mim mesmo. Não quero mais ficar tagarelando, me gabando de mim mesmo. Mas onde está minha paz? Não sei se uma grande mudança para o pequeno clique, ou uma simples manhã que me cutuca diferente. Parado não posso ficar.

segunda-feira, julho 16, 2007

Foto




Faço nada. Talvez em busca do meu limite. Não há mundo lá fora, nada a reparar. O diálogo, necessário, com o mundo eu me dou por conversas mapeadas. Palavras planando em janelas distintas, difitéricas. A pureza é o que? A falta de tudo, a consciência do nada? Os cigarros se acumulando no cinzeiro, as palavras se acumulando na tela, os vazios se apoderando da mente. Até o fim do mundo, achei que podia conseguir, acho ainda que posso, mas não sei se quero. Não sei se o fim é o paraíso, se o nada é a paz de espírito. A vulgarização do tempo livre me faz o encarar como um martírio. A necessidade do novo o tempo todo me faz sentir-me sempre estacionado. Quero menos, cada vez menos de fora. Quero entrar dentro da minha cabeça, meu infinito universo particular. Porquê já não agüento mais viver num mundo e enxergá-lo com meus pensamentos. Já não posso mais fingir que não preciso das mesmas coisas que meus antepassados precisaram pra nascer, crescer, amar e morrer. Já não tenho mais a distinção de escolher as palavras depois dos pensamentos, me guio mais pelas que me vêm à mente e os pensamentos, estes são moldados como um jogo de lego. Intercalo a vida e o medo. Que o medo este é meu, dentro de mim, só meu e de mais ninguém.

sábado, julho 14, 2007

Jogado a teus pés

Sei que exagero, no amor, na dor, na carência. Mas o exagero é uma forma de contestar a mesmica deste mundo. É minha forma de dizer que quero mais, quero diferente, quero de verdade. Meu exagero sou eu, em todos os sentidos. à distância, colado, dentro.

quarta-feira, julho 11, 2007

Ilusão 2

Eu sei que vejo o que está à minha frente, vejo dentro das pessoas. Se em alguns segundos eu posso saber toda uma vida, compreender, fazer uma estória, eu posso viver mais de uma vida? Às vezes as coisas clareiam, e não é sentado no banco da igreja, é no metrô. Eu sei que quero viver em cidades que tenham metrô, sempre. Quero ser levado, furtivamente, por baixo da terra, renascer em cada subida ao superfície, me iluminar em cada descida ao subterrâneo. Vivendo de ilusões. As minhas. Dentro de cada cabeça um mundo não é mais que uma ilusão do que achamos que vemos, de quem achamos que gostamos, do que achamos que podemos ser. Só o coração diz a verdade, quando

terça-feira, julho 10, 2007

Postagem 93

Cala a boca que não se machucará.
Fale o que deve ser cuspido.
Não ouça conselhos dos outros.
Não saiba de mais nada.

Algumas coisas piram a cabeça da gente, o mundo começa a fazer sentido ao mesmo tempo em que fica assustadoramente amplo. Cada detalhe, os sons saltando aos ouvidos, a sinfonia dos passos na calçada, os personagens que habitam a noite desta cidade, o tempo, sua lentidão, a boca, sua secura, o coração, sua palpitação. Não sei se posso encarar isto sempre, talvez isto seja a dependência, a droga, mas quem é o dyler?

sexta-feira, julho 06, 2007

Inda Vistes

"Não posso respirar tão fundo a vida."

"Consciência de estar aqui na terra, e não ter sido santo nem suficientemente crápula."

Hilda Hilst, que me fez gozar diversas vezes, também me sentir culpado em cada uma delas, em cada um deles.