segunda-feira, dezembro 31, 2007

365 dias e uma cultura

Hoje completo 365 dias ininterruptos de França. Não um país, mas uma cultura inteira, com sua língua, seus métodos, seus problemas, sua política, seus trejeitos, seus odores, suas palavras, seus amores, sua vida. Minha vida em 365 dias, minha vida em um momento distinto, em um espaço distante do meu berço.

Ensaiei de escrever um texto contando minhas experiências, minha percepção deste novo mundo neste velho ano, ainda não evoluí. Mas, ao contrário, acho que eu evoluí. Me sinto mais ciente dos meus medos, menor em meu corpo, menos impressionável com as pessoas.

Tem sido um ano difícil, como eu gostaria que fosse. Fora a questão financeira, que me incomoda pela dependência, as outras dificuldades fazem parte do aprendizado. Acho bom. Não sonheir que Paris seria linda, nem que a Champs Elysées fosse feita de sorrisos e portas abertas, muito menos que o Louvre irrigasse minha admiração pela criação humana.

Neste fim de ano uma questão me marcou, há não mais que 15 dias atrás: porque você é assim, desconfiado do mundo e dos homens?

Não sou com o mundo, mas com os homens é certo. Respondi que talvez fosse por causa das coisas que estudei, da minha formação em administração, ciências sociais e comunicação, em saber como podemos e somos constantemente manipulados por interesses unilaterais. Mas talvez tenha a ver com meu coração também, com o frio que mora dentro dele, com a insatisfação da falta, com a revolta da busca eterna e sempre incompleta. Não sei, não sei se quero procurar a resposta, acho que prefiro canalizar a energia.

Não me prometo nada para 2008, mesmo que 2007 tenha me marcado profundamente. Sinto falta da Gabi, e de tantos outros corações quentes que desconsideravam a frieza do meu. Sentirei nostalgia deste ano, e de tantos sentimentos que me conturbaram, sinto que preciso ser mais presente em minha vida, e que minha vida é principalmente a das pessoas que eu gosto.

Não quero ser mais barango do que fui, ao falar da minha vida e fazer um balanço do meu ano, mas desejo a todos que eu gosto, amo, ou desejo, um ano de 2008 que cruze mais com o meu, uma paciência ainda maior em tentar estar do meu lado, mesmo quando eu estou ausente, e um amor que eu sei que emana do meu coração, mesmo sendo ele adaptado ao frio qu'acima do Equador corta. Me sinto bobo, e por isso me dou ao direito de rir.