terça-feira, dezembro 27, 2005

Turbilhão

Já não sei o que pensar. Talvez o problema esteja em estar sempre pensando. Lembro que minha tia já dizia... está difícil lembrar. Eu odeio os pássaros, não, mentira, odeio o canto dos pássaros. Hoje odeio a minha cama. Odeio a minha insônia, odeia a distância e a frieza das pessoas. Odeio estar sozinho, cansado e sem saber o que fazer, por mais que tenha 1000 coisas a fazer. Odeio ter que me derramar em palavras para que as lágrimas não se derramem, mas pelo menos isso me serve.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Ei, você não é aquele escritor...

Estava aqui conversando sozinho e pensei: como encontro os escitores em minha vida? Não vou filosofar sobre "eu encontro a literatura ou será que ela me encontra?". Nossa, me deu até arrepios em escrever isso.

O Santiago, por exemplo, encontrei perdido, no meio de letras mornas. Foi meio que amor à primeira vista, alguma coisa naquela pequenez me chamou a atenção. Sua aparência, apesar de ele não gostar, me interessou. Tomei pra mim e guardei preciosamente. Carregeui-o comigo por muitos lugares e situações. Carregeui até que não havia mais jeito, ou aquilo se desmantelava ou o fato se consumava, me consumiria posteriormente. Porém, por mais uma tolice, dessas que chamam destino, novamente ele caiu em meus braços, antes que eu tivesse coragem de consumí-lo. Verti ali toda a minha fome, toda a minha sede, todo o meu gozo. Fiz dele a porta iluminada sem final triste. Mas triste foi o fim. Mas era apenas o primeiro capítulo. Mas aqui só trato de quando conheci os caras.

O Marcelino já foi um pocuo depois. Não me lembro bem de onde veio a primeira referência, talvez do Santiago, talvez de algum letrado idiota. Lembro muito bem, no entanto, da linda manhã - apesar da minha aversão em levantar cedo - em que o encontrei pela primeira vez. Era um tempo morto, tempo de espera. Sentamos em uma praça, no final de uma avenida, uma praça frequentada por maconheiros, adolescentes baderneiros e pixadores filhinhos de papai. Talvez não houvesse lugar mais propício. É claro que todos nos olhavam com olhos tortos, diretamente mineiros. A luz do dia não me iluminava as vergonhas. Toquei-o com mãos suaves, havia tempo para isso, havia tempo queria isso. Foi um momento sublime, sob o sol de Dona Ipanema, sob a sombra frondosa de uma castanheira. Foi assim meu primeiro contato, que espero aprofundar. Foi assim nossa primeira conversa, que espero conseguir acabar.

Foi assim que eu encontrei os escritores, ou será que eles é que me encontraram?