sábado, abril 29, 2006

Grito

Porque não dá pra gritar por blog. Nada é mesmo perfeito.

Fragmentos difíceis

Não acredito que o bom da vida seja colecionar pessoas, não em quantidade. Só porque eu sentei no computador e o messenger de outrem tinha mais de 20 pessoas online, e mais outras 90 offline não quer dizer que a vida dele seja melhor.

Admito, vem uma inveja “quantas pessoas para compartilhar bons momentos...” mas logo penso que podem ser ladrões de minha individualidade. Quantos assaltantes de minha própria vida, quantos óculos que me deixam cegueta.

É preciso ouvir boa música para escrever bom texto. É preciso ser bonito para escrever decentemente. É preciso ter razão para viver.

Assim acreditava ele, crença, não era parte de seu vocabulário. Existe sim a imperfeição, mas tudo é corrigível, todos somos melhoráveis. Só é feio quem quer, só é burro quem precisa, só é surdo quem não é.

Nada chama, não há chamas para arderem, ninguém chama para eu apagar. Não há chama suficiente que desperte meu interesse em levantar. Nesta horas o melhor é me recolher à noite sozinho, ao escuro sendo ninguém. Pena que esta possibilidade se anulou quando eu quis conhecer pessoas interessantes. Agora, os lugares que são interessantes se povoam de pessoas descobertas, frágeis, chatas...

Enfim, terei de sair de qualquer jeito. Preciso ouvir mais música boa, sincera, mais Sigur Rós. Preciso beber mais vodka ou o que quer que este sentimento seja. Que bom seria se eu pudesse controlar o volume do mundo, o volume do mudo.

Odeio paracer que sou poeta frustrado, que só posso tentar fazer imagens em prosa poética. Mas não escolhemos mesmo tudo o que vamos dizer, pelo menos assim concluí com meu analista, que me pediu para tentar o divã na próxima sessão. Realmente, não posso fingir que o encaro de igual para igual, só falta a cerveja e o ambiente de bar, confissões de confessionário foram aos 13 anos.

Tudo bem, não mais o tempo como o relógio conta. Vamos adiantar, pois aqui sou o dono do tempo, o dono da história.

Preciso mesmo de um banho, não pela sujeira, não sou assim tão gótico, tão Santiago. Preciso do banho para meu ego, para meu narcisismo, se vou me por na rua tem de ser de forma bela, de forma única. O mundo é grande, selvagem e as pessoas muito cruéis. Ser belo facilita tudo, sexo, drogas, amigos, carinho, carona... O imaginável e o intangível.

Ser gay dificulta muito, enriquece também.

Música para o banho: Radiohead, deixe qualquer uma tocar, vai rolar o cd todo mesmo, a água não se exaure antes, minha secura não se satisfaz assim em uma lavada.

Será que todo mundo é descartável? E porque eu trato como se não fossem... se pelo menos eu fosse mais sincero com isto. É, uma roupa mais estilosa hoje, quem sabe uma cara de menino, modinha rock, estilizo... Acho que atrai. Vai ser esta então.

segunda-feira, abril 17, 2006

Desespero 4:48

Eu não queria dizer, acho que nunca, mas preciso: sinto falta de carinho. Sou carente sim. Nunca me senti amado em casa, por mais que seja. E isto é um buraco gigante no peito. Não sei como curar, tenho medo de depender de só uma pessoa. É muito poder sobre minha vida em uma mão. Às vezes acho que é melhor não ser de ninguém, já que não sei medir minha entrega, minha dependência afetiva. Sei que a dor me dói, às vezes a culpa é minha, mas nunca consigo resolver. Ainda bem que posso escrever, embebedado em insônia. É como se o mundo estivesse todo dormindo agora e não fosse levantar mais. Ou se levantar que seja diferente. Porque enquanto todos dormem eu posso mudar, o mundo, em mim. Não custa nada tentar.

Beleza não tem fim, felicidade sim.

O belo me deprime. A cada coisa boa, bem feita e bem acabada que vejo acho que perco as esperanças. Às vezes é com o mundo, que produz o belo e não sabe nem para que, reforçando qualquer fluxo dominante e restritivo. E, quando não é assim tão político, perco as esperanças em mim.

A cada pessoa mais nova, mais bonita, mais inteligente, mais descolada, mais segura, enfim, melhor que eu que absorvo com os olhos, eu desejo desaparecer. Tragar até que meu peito se encha de fumaça, meu coração se esvazie de angústia. Meu corpo se desfaça. Esta madrugada está estranha, não ando conseguindo enxergar as coisas. As atitudes não confirmam nada, são apenas para não me entregar. Nunca sei se fiz a coisa certa, sempre duvido que irei conseguir fazê-las.

Acho que isto é defeito de fabricação. É melhor gravar em minha pele ou tentar ignorar? Para gravar preciso ter força, para ignorar precisaria de nascer de novo. Pára tudo que eu quero descer. Quando passa o trem que volta?

domingo, abril 02, 2006

Já dizia Barthes: Tenho Dito!

"aí está a história do amor, escrava do outro narrativo, da opinião geral que deprecia toda força excessiva e quer que o sujeito reduza ele próprio o grande turbilhão imaginário pelo qual é atravessado sem ordem e sem fim, a uma crise dolorosa, mórbida, da qual precisa se curar ("isso nasce, cresce, faz sofrer, passa", exatamente como uma doença hipócrita): a história do amor ("a aventura") é o tributo que o enamorado deve pagar ao mundo para se reconciliar com ele."

Nada melhor que inteligência para a paz interior.