segunda-feira, março 20, 2006

A certain romance

Arctic Monkeys

Well oh they might wear classic Reeboks
Or knackered Converse
Or tracky bottoms tucked in socks
But all of that's what the point is not
The point's that there ain't no romance around there
And there's the truth that they can't see
They'd probably like to throw a punch at me
And if you could only see them, then you would agree
Agree that there ain't no romance around there

You know, oh it's a funny thing you know
We'll tell 'em if you like
We'll tell 'em all tonight
They'll never listen
Cause their minds are made up
And course it's all okay to carry on that way

And over there there's broken bones
There's only music, so that there's new ringtones
And it don't take no Sherlock Holmes
To see it's a little different around here

Don't get me wrong, oh there's boys in bands
And kids who like to scrap with pool cues in their hands
And just cause he's had a coupla cans
He thinks it's alright to act like a dickhead

Don't you know, oh it's a funny thing you know
We'll tell em if you like
We'll tell em all tonight
They'll never listen
Cause their minds are made up
And course it's all okay to carry on that way

I said no Oh no!
Oh you won't get me to go!
Anywhere, said anywhere
I won't go
Oh no no!

Well over there there's friends of mine
What can I say, I've known 'em for a long long time
And yeah they might overstep the line
But I just cannot get angry in the same way
Not in the same way
Not in the same way
Oh no, oh no no

domingo, março 12, 2006

O lado esquerdo

Mais um dia mal vivido. Uma noite não dormida, não dançada e nem embriagada. Uma noite que se fez medrosa.

E olha que motivos não faltaram. O encontro inesperado com a pessoa amada, acompanhada de outrem. O encontro amargo com uma dor que não sabia existir, uma dor maior que a vontade de beber. De dançar. De dormir.

Virou hábito. Se não durmo é porque não há sono, há excesso de energia. Corrida. Desta vez não funcionou. Via cheia, mp3 player caindo, falta de força e uma dor. Essa dor que nunca me abandona. Mas antes era fraquinha, aviso. Bem aqui, do lado esquerdo do abdômen. Mas desta vez parecia estar mais forte. Melhor voltar pra casa.

Chego em casa, é bom. Suco de laranja, pão com manteiga e bolo de chocolate. É sempre bom! Tem coisas na vida que nunca erram, digo coisas.

Nenhum domingo é verdadeiramente alegre, mesmo quando se é animado por quem gosta da gente. É bom mesmo sair, dar uma volta pela cidade, ver a vida se enfeitar, as pessoas se amarem, tomarem sorvete, se beijarem e serem felizes. Um bom filme me acalma. Orgulho e preconceito. Sempre tem a ver com o que a gente acha que é, com o que a gente acha que vive.

Na volta pra casa a dor pega carona. Vem mais forte, ali, no lado esquerdo do abdômen. Dá vontade de chorar. Dá vontade de mostrar o sofrimento. Mas é melhor agüentar, não há porque preocupar amizade à toa. Afinal de contas certamente ainda é um cansaço da corrida mal sucedida. O corpo mal alongado. Difícil dormir, mas um pouco de tv e por fim um remédio ajudam.

E a vida continua na segunda. A aula, o caminho a seguir. É sempre bom aprender, mesmo que às vezes com gente que não sabe pra que serve o conhecimento. Mas na faculdade há um convívio fácil. Uma certa posição agradável, um status imaculado que não se explica porque. Mas também não o quero saber. Manhã tranqüila. Sobra a vontade de dividir o final-de-semana que passou com alguém.

Como é bom ter as tardes livres! Ver tv, escrever, estudar, almoçar vagarosamente, cuidadosamente cuidar de mim. Como é bom ter a mente livre. Às vezes o tempo parece que faz buraco, que não preenche nem cura, esvazia e angustia. Assim como aquela dor, ali, aqui, no meu abdômen, do lado esquerdo, meu lado desajeitado. Vou desajeitado, torto faltando pedaço, direto nos remédios. E passa, claro que passa.

A rotina da aula é interessante, terça-feira não é o mesmo dia de segunda? Parece. Ninguém de novo aparece, a promessa da vida feliz só em prece, ninguém mandou acreditar. Acredite se quiser, se puder sustentar a decepção.

E a dor não dá tempo, não dá tempo de curtir. E o caminho é longo. Vou pensando em marcar um médico. Mas melhor que seja escondido. Dor é coisa pra não compartilhar. Custo, à custo de um par de lágrimas, mas chego em casa. Deito, descanso, remedio e fico manso. E a dor aqui, bem dentro de mim, do meu lado chato, do mau lado burro, sem querer parar de vociferar. Já me disse e eu já entendi. Mas ela não pára, mulher ciumenta. Marco médico para quarta.

Almoço fora, vou ao médico. Ruim é a espera de algo que não se sabe se vai ter, Difícil é entender porque não se pode se se quer. Mas ali não, tudo muito limpo e organizado. A espera de 30 minutos me parece razoável. Não há porque ter pressa. Não até que a dor vem como um trem, um trem inexplicável, mas também um trem veloz, carregado de minério, que é pesado e não consegue-se frear.

Atendimento de urgência. Adoro quando as coisas têm urgência. A vida toda é urgente. Curar a angústia é urgente. O médico me seda. Manda fazer vários exames. Diz que não deve ser nada. Talvez o conjunto de noites mal dormidas com a preocupação sobre o que ser na vida. Tem gente que sente as coisas com mais violência. Somatiza não é mesmo?

Quinta de exames, junta de médicos. Já não há como esconder da família. Tudo muito tranqüilo, a culpa é sempre do cigarro e da bebida. Entre exames e filas uns remédios que é pra dor não me pegar desprevenido. Sei administrar o filete contínuo que parece ir me cortando devagarzinho, só um incômodo de dor que é para eu não esquecê-la, ciumenta e possessiva. Minha dor aqui, no lado esquerdo de meu abdômen. Atravessada, oblíqua.

Fim de tarde, fim dos compromissos. O remédio não quer mais funcionar. A dor volta com a força de uma inconfidência. Ninguém segura seu desejo de ser livre. Ninguém a suprime com bulas e receitas. Sai de perto que esse lado esquerdo do abdômen é dela. É só dela! Já não há como dormir. Parece que ela vai tomando conta de tudo, todo o espaço, todo o tempo. Cada vez mais.

Sexta. Dor. Muita. Pára que não é nada. Daqui a pouco passa. E não passa. E assa, fere como brasa. Dentro, aqui, bem aqui! Do lado esquerdo do abdômen, esse lado que é todo estragado. Esse lado que é desagradável.

Hospital. S e d a t i v o s. Alguma coisa ali funciona. Mas não por muito tempo. Voraz! Correm comigo pra sala de pré operatório. Vamos ter que abrir. Os exames não souberam contar. Acho que foram coagidos pela dor. Enquanto isso me debato. Ela, ali, do meu lado esquerdo, dentro de mim, constrangedora. Já não me envergonho mais. Dói sim, me desespero sim. Já passa da noite e ainda não me abriram. Abre logo esse meu corpo que já há muito não sei se me pertence! Abre que é melhor sair do que estourar!

Madrugada de sábado. Mesa de cirurgia. Parece uma festa. Dentro uma dor. Fora muito amor. As pessoas vão chegando. Uns arrumados pra noite, uma passadinha rápida antes da balada. Outros preocupados. Todos atrasados. Abre. Fecha. Choca! Me diz. Me diz. Junta médica, e a dor aqui. E alguém vem me dizer. Nem sei mais quem. Olha, o teu caso é fatal. Minha dor já o era mesmo. A vida é sempre fatal, a falta dela ainda mais. Acontece que você não tem mais o coração no lado esquerdo do peito. Acontece que ele se alojou ali, aí, no lado esquerdo de seu abdômen. Acontece que assim ninguém agüenta. E não há como prender de volta no lugar.

Acontece que eu sabia que já não tinha coração, que ele tinha sido mutilado há quase uma semana, ele que nunca fora muito grande e farto. Acontece que ele não podia mais se sustentar. Eu já não queria mais. Acontece que ele chorou, chorou cada pedaço de si mesmo e caiu. E eu não queria sentir. Não quis me entregar. Acontece que a vida é dele, do coração. Mulher ciumenta. Ou lhe dá dedicação exclusiva ou se morre, mesmo em vida.

Todo o amor do mundo me chegou. E era só uma pessoa. Mas agora já não mais adiantava. A dor, meu amor, não se segura nem se embala. A dor corrói e não diz nada. A dor só grita em quem se cala. A dor mata e dá risada. Não há culpa, só dor. E uma semana não completo sem amor, morro antes de amanhã. Uma semana é muito tempo para um corpo viver sem coração. Uma semana é muito tempo pra uma vida viver sem ilusão.

Justo nome

Porque? Justonome porque? Desgraçado. Fudido. Mal dormido e mal criado. Tem dia que deveria sumir do mapa, sumir do calendário, sumir da minha vida. Muito obrigado. Nada obrigado, mas nem precisava ser tanta lição. Tem coisas que dôem mesmo a gente sabendo que vão doer. E o altruísmo? Que se foda! Quero a minha felicidade! Mesmo que seja incompleta. Quero a minha graça, mesmo que seja só, sem propaganda. Quero a minha desgraça, nem sempre eu dou conta. Envolver é ter a consciência de que dói, e fundo, e bem fácil e quando não se espera. Se o que eu não quero dizer devia ser dito... se o que eu não quero fazer devia ser feito... se o que eu não quero viver nunca devia ter morrido. Não adianta não querer sofrer. A dor não se escolhe em gôndolas de supermercado. Comunicar nem sempre é o que pode ser feito. Não se se levar em conta o outro lado da moeda. Cada um sofre a dor que acha que pode sofrer. Mesmo doendo mais do que o corpo todo pode aguentar. Talvez cair fosse o melhor. Mas não fica bem fazer cena, mesmo quando a vida não é interpretação. O veredicto quem dá é o telespectador. É a DOR!