Sexo sim, sem engano.
Vou reativar este blog. Fico pensando demais e não tenho com quem compartilhar tudo. Andei pensando hoje sobre o poder do sexo. Como através dele as pessoas se atraem. Pelo contato físico, o desejo sexual, parece que nos unimos mais aos outros. Mas isto me irrita. Parece que só depois de me provar é que alguém consegue manter uma relação mínimamente cúmplice comigo. Pode ser que o problema esteja comigo. Que eu seja extremamente fechado e difícil até que eu estabeleça este contato com alguém, que só depois disso, ou durante, eu consiga achar que posso ser e permitir que o outro seja. Não sei, mas não gosto do que constato. Quero a poesia em minha vida novamente, nas pessoas que não conheço, nas supresas de um Oi, no desespero de um caminhar pra longe, na loucura da perseguição. Quero ser livre, livre do meu pau. Quero amar simplesmente pela delicadeza do cheiro, pelo gosto das palavras, pelo vermelho... por todos os tons da música. Quero ganhar ou perder sem engano.
1 Comentários:
Engracado, Henrique, hoje, depois de muito tempo, resolvi voltar ao tema do sexo na análise e conversei sobre algo parecido com meu psicanalista. Acho que entendo o que você quer dizer, apesar da linguagem bem pós-moderna. Sabe, esse tipo de demanda que a gente cria pro mundo, a poesia que procuramos e nos frustramos por nao encontrar, essas coisas assim costuma ser co-constitutivas, isso é, a percepcao obriga a realidade a se revelar numa via de mao dupla com a nossa própria subjetividade. Isso também pode ser pós-moderno, bem, é pós-positivista de qualquer forma. O que quero dizer é que a realidade é construída através da linguagem, num sistema de referências e significados que sao tanto coletivamente compartilhados como individualmente interpretados. Bem, escrevi isso tudo para dizer que às vezes quando nao gostamos de algo no mundo, existem mudancas que podemos promover a nós mesmos e que podem mudar o mundo que enxergamos a nossa volta. Em pura dialética, reconstruímos o mundo exterior através da reexperiência interior. Nesse sentido, talvez seja útil voltar a conversa que tive com meu psicanalista hoje. É que quanto ao sexo, quando existe algo encomodando ou algum desejo que nos persegue, acho que nao adianta muito pensar. Pensar nao move o sexo. Fazer sim. Acredito que quem pensa demais em sexo, o tempo todo, tem mais é que transar muito para dismistificar o sexo de uma vez, saciar o desejo e poder pensar e construir outras coisas. Como isso se aplica ao seu problema? Bem, se te incomoda que as pessoas te olhe primeiro pela ótica do desejo, se te incomoda o sexo está sempre interferindo, sequestrando a poesia, talvez possa esvaziar um pouco desse ruído sexual fazendo por si o que os outros deveriam fazer por eles: transando muito! Assim talvez voce relaxe um pouco em relacao aos sinais e as percepcoes do desejo sexual, passando a recortar outra realidade, alterando seus sentidos. Ao banalizar o sexo para sí mesmo, talvez voce possa reestruturar toda a interacao, alterando também as perspectivas e expectativas dos outros e deixando um vasto espaco para a construcao de vínculos que te sejam mais aprazíveis, de conversas mais bem pensadas, momentos trabalhados em um tempo nosso mesmo, enfim, poesia. Alternativamente, se nao quiser transar muito (o que eu acho a opcao mais interessante) pode também retornar À modernidade. Seu sofrimento é típico das contrassoes pós-modernas. Pode tentar remodular seu tempo e espaco voltando à literatura moderna, à sociologia moderna, coisas um pouco mais antigas, volte ao comeco do século XX. Quando comecar a introjetar o pardigma moderno, que nos é (à nossa geracao) nada endógeno, entao comecará a tomar atitudes mais aprofundadas no tempo, o universo responderá, acredite. Bem, acho que estou soando meio oráculo. Isso sao só idéias, é claro, mas, confesso, acredito que se articulam com algumas das boa teorias que sustentam hoje nosso mundo. De qualquer forma, vale tentar, nao sao receitas amargas. Grande abraco, guilherme c.
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