sábado, outubro 01, 2005

Eu não me nego

Sou personagem, menos que você, mais com você. Não sou tão bom que possa não querer te ver sofrer. Não sou tão bom assim.

Gostaria de ser personagem de aventura, não medir a altura do salto, mergulhar em águas escuras, não ter medo de cova rasa. Mas o medo, este que me impregna e me finca na confortável cadeira do computador, na frente da televisão, na merda da vida familiar, esse medo me estanca, me contém, me dilui nas parcas vias urbanas.

Gostaria de ser personagem sóbrio. Pontuado. Personagem que sabe a hora de calar, tão bem quanto o que dizer. Mas a inquietude, a juventude, o desespero apresentado pela vida, frugal, externa e provocativa me desliza. Não sei me controlar, talvez por não saber quem eu devo controlar.

Gostaria de ser personagem não repetitivo. Desses que não precisam aceitar fórmulas, ou mesmo criar as suas próprias. Desses que inventam o pôr-do-sol quando o dia chora em chuva. Mas a fraqueza, a falta da franqueza às vezes, o leve sabor do viver em contraposição à dureza do pensar não deixam.

Quanto mais espaço eu der maior me parece o conteúdo. Quanto mais esparso ficar talvez melhor eu me sinta. Faltam companhias para que atuem todos os meus personagens. Falta companhia para incitar as minhas possibilidades. Falto eu.

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