sexta-feira, janeiro 04, 2008

De sangue

Se é do sangue que preciso pra me alimentar, como posso viver sem violentar alguém? Sei que não me acham correto quando seduzo, e depois abuso, quando me lambuzo no pescoço, apressado, da minha presa. Mas gostaria que se colocassem em meu lugar, não é fácil precisar fazer o mal para sobreviver. E no mais eu nunca agarrei ninguém a força, quem oferece suas veias sabe do risco que corre. Talvez seja difícil imaginar que sou assim tão monstruoso. Meus doces olhos abrigam os corações enxarcados de esperança, e minha amarga boca asfixia a percepção. Eu me desespero, eu juro que sim, ao sentir que atraio uma nova presa, dócil e ingênia, que será marcada para sempre, que talvez nunca mais consiga se entregar a alguém, que não brilhará mais ao nascer dos dias. Mas eu não consigo me parar. O sangue que busco mora em cada coração deste planeta, e, se o faço escorrer do peito, como as lágrimas dos olhos... eu só quero pedir perdão.

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