Conto ou não conto?
No começo é uma inquietude. Rôo os lábios, até sangrarem. Depois vai virando doença, corrosiva, estomacal. Nada desce, nem a própria vida. Autodestruição talvez fosse o único caminho, roer as unhas, comer as cutículas, tudo até ver sangue. Descuidar da garganta, fumar, fumar, fumar sem espasmos, de tempo. Não é dor, não pode ser tão real assim. É vazio... sozinho... vazio... É rua-sem-saída, é cego, é tudo uma merda! É hora de ficar nervoso. Não sou obrigado a aceitar aquilo, é dever se rebelar. Algo tem que ser mudado! Agora! O que?! Por favor! Uma mapa! Alguma coisa tem que saber como se sai desta merda! Este labirinto tem que ter um mapa, um guia. Passa a indignação, passa a mão, passa não. Passa o tempo e não vem niguém. Ninguém pode me achar neste buraco? Será que eu fechei a porta? Será que só tem coadjuvante nesta merda de filme?! É... É... É inominável. Ler, escrever, crescer e depois? Desaparecer. Just do it. Nada melhor do que se arrumar, ficar bonito, vestir as boas roupas, ficar cheiroso e exalar sexo... ah como eu preciso! Preciso estar na rua, nem mais um minuto nesta pocilga - mas o cheiro parece que sempre acompanha. Um curta, a vida pode ser vários curtas, longas são chatos. Um clipe, muita ação, pouca reflexão, atividade, descontração, energia, fudeção... fudeção... É difícil aprender a ser cego. Não dá. Voltar, descansar, pensar. Não queria terminar assim! Não queria terminar. O meu mundo é meu, só meu! Não vou dá-lo a ninguém, se quiser, se puder, venha tomá-lo de mim. Quem merece ver? Quem merece me ter? Quem merece meter? Quem vai responder? Não vejo olhos que possam enxergar. Os meus não querem mais olhar. Falta algo. Falta. Algoz. Mate-me logo, não me torture. Como sou medroso, não sei viver e nem consigo aprender. Não sei se posso recomeçar. No começo é uma inquietude.
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